Luiz Costa participa de evento na Lapa

 

Publicado em: 20/02/2013 10:06

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            No último dia 7 aconteceu na Lapa, no Theatro São João, uma solenidade cívico-militar em comemoração aos 119 anos do Cerco da Lapa. O prefeito de Balsa Nova participou do evento e lembrou a importância da cidade, “A Lapa foi palco de um dos mais importantes episódios da consolidação da República no Brasil”, afirmou o prefeito.
              O evento foi aberto pela prefeita da Lapa Leila Klenk e pelo comandante do 15º GAC AP Tenente Coronel Marcelo Chiesa. O Tenente Coronel realizou a palestra “O Cerco: seus efeitos e legados”. Em seguida, a música “Cidadão Lapiano” foi apresentada pelo Clube de Viola da Lapa e a banda João Francisco Mariano fez uma bela apresentação.
               Para encerrar, Nádia Burda comandou o espetáculo “Nós Somos a Lapa”, mostrando o quão angustiante era a vida das mulheres e mães dos combatentes, como essas resistiram, também heroicamente, ao período do Cerco.
               Prestigiaram o evento, além das autoridades acima mencionadas, o comandante da 5ª Região Militar/5ª Divisão de Exército General Luiz Felipe Kraemer Carbonell, o comandante da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada General Fernando José S'antana Soares e Silva, o comandante da Artilharia Divisionária da 5ª Divisão de Exército General de Brigada Fernando Masques de Freitas, o deputado estadual Professor Lemos, o prefeito de Porto Amazonas Ademir Schulli, o Diretor Regional dos Correios do Paraná Areovaldo Figueiredo, o Superintendente do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) José La Pastina Filho e diversas outras personalidades civis e militares. Destaque para a presença de alunos do Colégio Dinâmico.



 

O QUE FOI O CERCO DA LAPA?

               O Cerco da Lapa, evento revolucionário, o maior e mais importante fato histórico do gênero, no estado do Paraná.
               Após a Proclamação da República, em 1889, surgem desavenças em vários pontos do país, a exemplo de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. O Marechal Deodoro renuncia e o vice-presidente, Marechal Floriano Peixoto, ocupa seu lugar, crente de que essas desavenças nas diferentes províncias cessariam naturalmente, o que não aconteceu.
               A insurreição inicia no Rio Grande do Sul, em que revolucionários federalistas, seguidores de Silveira Martins, incitam uma guerra contra o governo de Floriano Peixoto. Para contê-la, unem-se os republicanos liderados por Júlio de Castilhos, por esse motivo chamados “castilhistas”. Não há uma causa incontestável para a revolução, mas três possibilidades: críticos do regime republicano, que ansiavam pela volta da monarquia; partidários do regime republicano, mas que queriam outro líder, que não Floriano Peixoto e aqueles que eram a favor de outras formas de governo, menos centralizadas, como o presidencialismo moderado ou o parlamentarismo republicano.

               Gumercindo Saraiva, posterior líder da Revolta, que sitiou a Lapa, participou nas primeiras batalhas contra os castilhistas, em 1893, no Rio Grande do Sul. De lá, ele e suas tropas partiram para Santa Catarina e Paraná. Essa rota era obrigatória para atingir a então capital do Brasil, o Rio de Janeiro. Estava instaurada a guerra entre “maragatos”, federalistas contrários ao governo e “pica-paus”, os republicanos. Os federalistas receberam tal denominação porque eram oriundos de Maragateria, na Espanha. Eles usavam fitas vermelhas em que estava inscrito “Viva a Liberdade”. Já os pica-paus eram assim chamados pela semelhança de sua vestimenta, com divisas brancas e boné vermelho, com a plumagem do pássaro de mesmo nome.
               Diante da constatação de que seria impossível a pacificação no Sul, o Marechal Floriano Peixoto envia Francisco de Paula Argolo para comandar o 5º Distrito Militar. Em outubro de 1893, o general Argolo reúne uma força expedicionária em Curitiba e segue para a Lapa, onde é recebido por Joaquim Lacerda e sua tropa de 60 homens. Além da Lapa, havia tropas de resistência republicana em Paranaguá e Tijucas.
               As cidades de Tijucas e Paranaguá não resistem às tropas invasoras e resta à Lapa conter o avanço dos federalistas. No dia 02 de dezembro, o General Argolo passa o comando ao Coronel Antônio Ernesto Gomes Carneiro, que recebe a missão de salvar a República. Assim, sob o comando do General Carneiro, a Lapa resiste bravamente, por 26 dias, com um exército de aproximadamente 1.200 homens. A cidade ficou sitiada, sem comunicação com o exterior e sem possibilidade de fuga, já que as estradas de ferro e de rodagem estavam interceptadas. Faltava comida, água e os cadáveres em decomposição exalavam o mau cheiro. Mesmo assim e apesar das notícias de que os revoltosos tinham tomado outras cidades do Paraná, o General Carneiro não aceitou conversar com qualquer emissário a respeito da rendição.
               A capitulação somente ocorreu no dia 11 de fevereiro, dois dias após a morte do General, que fora gravemente ferido durante combate. Em seu leito de morte, repete: “Resistência, resistência... Resistamos camaradas, porque nós, soldados, não temos direitos, mas apenas deveres a cumprir, e os deveres de um soldado resumem-se em um único, queimar o último cartucho e depois morrer”.
               O Cerco da Lapa foi fundamental para a consolidação da República, visto que os dias em que as tropas republicanas resistiram foram o suficiente para que o Marechal Floriano Peixoto guarnecesse a cidade de Itararé, em São Paulo, e preparasse a defesa para impedir a entrada de Gumercindo Saraiva. Hoje, os restos mortais desses guerreiros, entre eles do General Gomes Carneiro, estão depositados no “Panteon dos Heroes”, um dos símbolos da cidade e mais importante monumento cívico do Paraná.

SECOM